quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

sábado, 14 de fevereiro de 2009

VELHINHOS DE QUATRO PATAS

 

Cães e gatos, assim como os humanos, vivem cada vez
mais. Não é fácil para seus donos lidar com as mudanças
de comportamento e com as doenças associadas à idade


Carolina Romanini e Roberta de Abreu Lima

Fotos Oscar Cabral e Manoel Marques

SEMPRE ALERTAS
Aguiar, com a cadela Melanie (à esq.), e Zilda, com Minnie: cães idosos se sentem inseguros, percebem que estão se distanciando dos donos e não podem ficar sozinhos

Quadro: A idade real dos animais

Os animais de estimação alegram a casa, servem de companhia e, muitas vezes, preenchem lacunas afetivas de seus donos. Por isso mesmo tanta gente os abriga. Estima-se que haja atualmente no Brasil 31 milhões de cães e 15 milhões de gatos domésticos. Como esses animais vivem muito menos que o homem, quem os cria costuma estar preparado para o dia em que a amizade será interrompida. A novidade é que, nos últimos dez anos, a expectativa de vida de cães e gatos aumentou significativamente, graças à popularização das rações e vacinas e aos avanços na medicina veterinária. Uma década atrás, um cão de porte pequeno vivia geralmente até os 9 anos. Hoje, chega facilmente aos 15. Os cães de maior porte, por motivos de predisposição genética das raças, duram menos que os pequenos. Até dez anos atrás, viviam em média oito anos – agora, chegam aos 12. No caso dos gatos, a expectativa de vida dobrou. Antes viviam dez anos e hoje chegam aos 20. O resultado dessa sobrevida é que cães e gatos enfrentam uma velhice longa, com as previsíveis consequências – tornam-se propensos a desenvolver doenças como diabetes, insuficiência cardíaca, câncer e problemas ortopédicos. Repete-se com os animais o que ocorre com os seres humanos, que hoje vivem mais graças aos avanços da medicina, mas também estão sujeitos aos males da velhice.

Em geral, não é fácil conviver com totós e bichanos na terceira idade. Eles perdem a vitalidade e passam a não responder com a mesma animação aos chamados para passeios ou brincadeiras – o que é motivo de frustração para o dono. Pedem mais carinho e têm atitudes inesperadas, como fazer xixi em locais que antes sabiam ser território proibido para isso. "Os animais idosos ficam inseguros porque percebem que estão se distanciando de seus donos, como se estivessem passando para outra dimensão", diz a veterinária paulista Hannelore Fuchs, especializada em psicologia animal. Cães e gatos idosos também exigem uma série de cuidados especiais. A aposentada paulista Zilda Carolis levou para casa a pinscher Minnie quando ela tinha 25 dias. A cadelinha era sempre agitada e brincalhona. Tornou-se uma companhia importante quando o marido de Zilda morreu, doze anos atrás. Com o passar do tempo, Minnie foi perdendo o vigor. Hoje, tem 16 anos. Além de quieta, está cega, surda, corcunda e sem olfato. Para cuidar dela, Zilda precisa fazer alguns sacrifícios. Não dorme fora de casa e até deixou de viajar no réveillon para lhe fazer companhia. Dorme com ela num colchão no chão e esforça-se para fazer com que se alimente – o que inclui preparar um cardápio variado diariamente e levar-lhe comida à boca. "Quero dar a ela todo o conforto possível nesta fase da vida", diz Zilda.

Marcelo Rudini

ROTA VIGIADA
Vania, com Samantha no colo:
quase cega, a gata se perde
pela casa e é preciso auxiliá-la a achar os caminhos. "Perto de outros gatos idosos que tive, esta até que não dá muito trabalho", ela diz

Um cachorro torna-se idoso quando atinge 75% de sua expectativa de vida, conta que varia de acordo com a raça. Cães de porte pequeno, como o poodle, são considerados idosos a partir dos 9 anos. Os de tamanho médio, como o cocker, a partir dos 8. Cães grandes, como o labrador e o boxer, já são idosos aos 7 anos. No caso dos gatos, cuja diferença de tamanho entre as raças não é significativa, todos são considerados idosos a partir dos 8 anos. Um fator determinante na expectativa de vida dos gatos é o ambiente em que vivem. Em geral, gatos não gostam de grandes áreas ao ar livre. Os que são criados em ambientes fechados e protegidos tendem a viver mais. A dona-de-casa Vania Rombauer, carioca de 57 anos que mora há sete em Curitiba, é apaixonada por gatos desde a infância. Integrante de uma ONG que ajuda a castrar os bichanos, ela conta com a companhia de seis deles em casa. Samantha é a mais velha, com 16 anos. A gata enxerga muito pouco e com um olho só. Costuma se perder pela casa e, nesses momentos, Vania precisa socorrê-la. Ela diz que teve outros gatos idosos que davam ainda mais trabalho. "Já deixei de viajar por causa dos meus gatos, mas não me arrependo", conta.

A maior incidência de doenças nos animais de estimação aumentou a demanda por recursos para tratá-los. Já existe no Brasil uma bateria de exames laboratoriais e de imagem, além de técnicas cirúrgicas, especiais para cães e gatos. "Há tratamentos considerados modernos até para seres humanos que já são oferecidos aos animais, como o ultrassom com imagens em 3D", diz o veterinário Mário Marcondes, diretor-geral do Hospital Veterinário Sena Madureira, de São Paulo. Marcondes calcula que o atendimento a animais idosos no hospital tenha aumentado 30% nos últimos anos. Um animal de estimação idoso precisa fazer exames rotineiros e visitar frequentemente o veterinário. Se fica doente, os custos para o dono aumentam de forma exponencial. Foi o que aconteceu com Melanie, uma golden retriever de 12 anos. Seu dono, o economista carioca Diogo Thaumaturgo Aguiar, de 30 anos, conta que a cadela sempre teve saúde delicada – toma remédios para controlar a epilepsia desde os 3 anos. Depois de ela completar uma década de vida, seu estado piorou e os gastos de Aguiar com seu tratamento passaram de 200 para 800 reais por mês.

Melanie atualmente toma remédios para reumatismo, otite e hipotireoidismo, além de Gardenal, para a epilepsia. Também toma um complexo vitamínico para a pele, pois sofre de queda de pelos, e cortisona. Faz ainda quimioterapia para tratar um tumor na cabeça descoberto no ano passado. A lista de cuidados com Melanie inclui exames de sangue mensais e de ressonância magnética semestrais. "Melanie é como uma criança. Não pode ficar sozinha e precisa de cuidados o tempo todo", diz Aguiar. Os donos de animais de estimação sofrem com a ideia de sua morte na mesma medida em que se esforçam para lhes proporcionar uma boa velhice. Alguns centros veterinários chegam a dispor de psicólogos para ajudá-los a superar o trauma quando o animal está desenganado. Nesse momento, é comum dizerem que nunca mais vão ter um cachorro ou um gato. A promessa só dura, em geral, até depararem com um filhotinho fofo clamando por cuidados e atenção.

Revista VEJA | Edição 2100 | 18 de fevereiro de 2009

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

G1 > Planeta Bizarro - NOTÍCIAS - Homem é flagrado nos EUA com 22 cães dentro do carro

 

Fato ocorreu na cidade de Pottsboro, no estado do Texas.
Motorista se recusou a deixar o veículo quando foi abordado.

Do G1, em São Paulo

A Sociedade para a Prevenção da Crueldade contra os Animais (SPCA) apreendeu nesta segunda-feira (9), em Pottsboro, no Texas (EUA), 22 cães que estavam dentro de um carro. O proprietário chegou a se recusar a deixar o veículo quando foi abordado.

Foto: SPCA/AP

Autoridades de Pottsboro flagraram um motorista com 22 cachorros dentro do veículo. O proprietário do carro chegou a se recusar a deixar o veículo quando foi abordado. (Foto: SPCA/AP)

Os 22 cachorros foram levados para um abrigo até que um juiz decida sobre o futuro dos animais. Uma audiência sobre a custódia dos cães foi marcada para o dia 16 de fevereiro, de acordo com a porta-voz da SPCA, Maura Davies.
"O carro estava encharcado com urina e fezes nos bancos. O nível de amônia dentro do veículo era de 23 partes por milhão, mesmo depois de as portas terem sido abertas por vários minutos", disse Courtney Stevens, supervisor da SPCA.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Edição São Paulo - NOTÍCIAS - Cão que seria despejado de praça em Campinas passa por cirurgia

 

Cachorro Bob mora há nove anos numa praça em Campinas.
Ele ficará em repouso e só poderá voltar para a praça no dia 17.

Do G1, em São Paulo

Ampliar Foto Foto: Patrícia Araújo/G1 Foto: Patrícia Araújo/G1

Bob brinca em ponto de táxi de Campinas, na semana passada, antes da cirurgia (Foto: Patrícia Araújo/G1)

O cachorro comunitário Bob, que vive numa praça em Campinas, a 93 quilômetros de São Paulo, passou por uma cirurgia de castração na manhã desta segunda-feira (9) numa clínica veterinária da cidade e passa bem.

Bob mora há nove anos em um ponto de táxi na Praça Santa Cruz, no bairro Cambuí, e foi alvo de uma polêmica na semana passada que mobilizou a cidade. Por causa de reclamações de alguns moradores, a prefeitura anunciou que o retiraria da praça e o encaminharia para adoção. Mas taxistas e outras pessoas da área se mobilizaram pedindo que o cachorro permanecesse no local e a prefeitura concordou após a ONG União Protetora dos Animais (UPA) se oferecer para fazer a castração do animal e identificá-lo.

 


Segundo o vereador Vicente de Carvalho e Silva (PV), um dos diretores da ONG, com a castração o cão fica mais calmo porque não é mais atraído por cadelas no cio. De acordo com Silva, Bob recebeu pontos internos e não precisará usar um “colar” protetor no pescoço, pois o material serve para impedir que os animais mexam nos pontos.
O cachorro terá de ficar de repouso total durante pelo menos dois dias, pois não pode pular nem correr. Ele deve passar este tempo, segundo Silva, na residência de um casal que mora na praça. Depois ele poderá passear de coleira conduzido por uma pessoa. Em uma semana, Bob já estará recuperado para voltar à praça, segundo Silva. No dia 17 deste mês, deve haver uma recepção especial para receber o cão no local.
Além de ser castrado, Bob recebeu uma tatuagem no abdômen com duas letras de identificação e deve ficar permanentemente com uma coleira que contém uma placa com os números da UPA. Caso o animal se perca, quem o encontrar poderá ligar para a ONG e informar as letras de identificação que constarão no banco de dados da entidade juntamente com uma foto digital do cachorro.

Decisão final

Depois da polêmica, a Secretaria de Saúde de Campinas informou, na quinta-feira (5), que o cão poderia ficar na praça caso fosse castrado e identificado. Em nota, a prefeitura disse que uma lei estadual do ano passado estabelece que "o animal reconhecido como comunitário será recolhido para fins de esterilização, registro e devolução à comunidade de origem, após a identificação e assinatura de termo de compromisso de seu cuidador principal". Com base na lei, o animal poderá continuar onde mora.

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Furtos de cães de raça revoltam moradores da Zona Sul de SP

 

Donos de animais do Jardim Santo Antônio relatam desaparecimentos.
Eles acreditam que cães estejam sendo vendidos ou trocados por drogas.

Do G1, com informações do SPTV

Um novo tipo de ataque de criminosos revolta moradores do Jardim Santo Antônio, na Zona Sul da capital paulista. Ladrões furtam cachorros de raça, e dificilmente as famílias conseguem recuperar os animais de estimação.

Um instante de distração e o cachorro sumiu. “Quando eu chamei pelo nome dele, Roger, o meu vizinho de frente falou: é um pequenininho? Três rapazes de bicicleta levaram ele", diz a dona-de-casa Solange Sotti. O cão foi levado no dia 22 de janeiro e não apareceu mais.

As lembranças do shih tzu com pelagem branca e creme estão por toda a parte. O cãozinho de dois anos tinha trânsito livre pela casa, dormia onde bem entendesse, era tratado como integrante da família. Solange registrou até um boletim de ocorrência na polícia, espalhou cartazes, faixas e mobilizou toda a vizinhança. “Fiquei mais triste, não consigo dormir todos os dias, sempre fico pensando nele”, diz Gabriel Sotti, de 7 anos.


O Jardim Santo Antônio é um bairro residencial e quase toda família tem um cachorro em casa. No local, estão se tornando frequentes os relatos de desaparecimento de cães de raça. Os moradores acreditam que eles estejam sendo vendidos ou trocados por drogas.

“Aqui nessa rua já houve quatro ou cinco casos, pessoas que nem moram aqui e que não quiseram dar seu depoimento por medo”, diz Solange. A dona-de-casa Eliete Pereira Santos ainda mora no bairro, mas chegou a mudar de casa depois de ter dois cães furtados. O primeiro foi recuperado. “Estava na favela, meu ex-marido foi buscar, já tinham até vendido o cachorro. A dona não queria devolver. Só se ele chamasse pelo nome e ela fosse. E ela veio.”
Nem o dono do pet shop, o comerciante Luiz Roberto da Cruz escapou. “Ficava solto aqui na loja, em um momento de distração ele saiu para a rua e pegaram. Tiveram testemunhas que viram pessoas passarem com ele no colo”, lembra.
Em qualquer caso de roubo ou furto, deve ser registrada a queixa na delegacia mais próxima. Mas dificilmente a polícia recupera o animal, porque não há como mobilizar equipes de investigação para procurar cachorros. O melhor mesmo é tomar cuidado e contar com o apoio da vizinhança. E lembrar que nenhum cachorro pode andar solto na rua, sem guia e coleira.

Agência oferece pacotes de turismo para pets e donos viajarem juntos

No carnaval, todos participam de baile e concurso de fantasias.
Dona montou negócio por amor à 'filha de pelo'.

Luciana Rossetto Do G1, em São Paulo

Ampliar Foto Foto: Divulgação/Dog Tour Viagens Foto: Divulgação/Dog Tour Viagens

Cães e donos passeiam juntos em Florianópolis (Foto: Divulgação/Dog Tour Viagens)

Acabou aquela história de viajar e ter que deixar o cãozinho com parentes ou depender da boa vontade de vizinhos para alimentá-lo. Já que os bichos cada vez mais fazem parte da família, nada melhor do que levá-los juntos em pacotes que incluem uma programação especial para eles.


Para curtir o carnaval com bicho de estimação, a Dog Tour Viagens preparou um pacote rodoviário de dois dias no Golf Hotel de Itu, com saída em 28 de fevereiro e retorno em 1º de março. A maior atração será o baile de carnaval e o concurso de melhor fantasia dos pets.
Os donos ficarão acomodados em quartos junto com os cães e precisam levar a alimentação dos animais, que não é oferecida pelo hotel. O grupo também é sempre acompanhado por um adestrador e um veterinário.

Ampliar Foto Foto: Divulgação/Dog Tour Viagens Foto: Divulgação/Dog Tour Viagens

Atividades nos hotéis têm o objetivo de unir cães e donos  (Foto: Divulgação/Dog Tour Viagens)

“Todas as atividades são pensadas para causar prazer ao dono e aos cães. Não queremos estressar os animais. Os bichos nunca se separam dos donos, fazem tudo juntos”, afirma Igleide Araújo de Almeida, proprietária da agência. “A única ressalva é para cães antissociais ou de raças consideradas perigosas, até por respeito aos outros integrantes do grupo.”

“Filha de pelo”

Igleide, que mora em Curitiba, conta que montou a Dog Tour Viagens em 2004 para organizar pacotes voltados para cães pela própria dificuldade que tinha em viajar com sua “filha de pelo”, a poodle toy Flavinha.

“Eu estava aposentada e viajava muito nessa época. Ela não ficava sem mim, mas éramos muito humilhadas nos hotéis. Para eu conseguir entrar, enrolava Flavinha em uma manta e dizia que era um bebê”, contou Igleide, que passou algumas situações difíceis. “Ela era muito educada, mas toda hora alguém queria ver o bebê e eu sempre tinha que inventar uma desculpa, dizer que estava dormindo, com catapora.”

Ampliar Foto Foto: Divulgação/Dog Tour Viagens Foto: Divulgação/Dog Tour Viagens

Bichos viajam com os donos dentro de ônibus (Foto: Divulgação/Dog Tour Viagens)

A gota d’água para ela montar sua agência foi quando um hotel em São Joaquim (SC) a colocou para dormir em um quarto na área de serviço.

“Minhas viagens se tornaram um estresse na hora de entrar e sair dos hotéis. Só tinha experiências negativas e resolvi batalhar para que isso mudasse aqui no Brasil. Eu morei na Europa e lá as coisas eram muito diferentes”, diz.
Atualmente, Igleide possui o cadastro de 900 estabelecimentos em todo o Brasil que aceitam donos e animais. Ela inclusive montou um guia de turismo, chamado Guia Quatro Patas – Dog Tour.

 


Além do pacote do carnaval, a agência prepara outros pacotes temáticos, inclusive para Natal e Ano Novo. “O grupo viaja para hotéis onde não há queima de fogos, para evitar o sofrimento dos bichinhos”, afirma Igleide.

Mais informações sobre pacotes:

Dog Tour Viagens

Av. República Argentina, 900, lj. 22

Tel: (41) 3079-6394 / 3078-6393

Pet Center Marginal
Marginal Tietê
Av. Pres. Castelo Branco, 1795 – São Paulo/SP
Tel: (11) 2797-7400

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Navio de membros da organização "Sea Shepherd Conservation Society" colide com um navio japonês de pesca de baleias.

O navio de membros da organização "Sea Shepherd Conservation Society" colide com um navio japonês de pesca de baleias nas águas da Nova Zelândia; o capitão da organização, Paul Watson, disse que o seu navio se viu forçado a colidir com o navio baleeiro japonês após uma manobra brusca da outra embarcação; na semana passada ambos já haviam se enfrentado Adam Lau/EFE

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Cão fica em praça de Campinas após secretaria desistir de despejo

ATENÇÃO MORADORES E PROTETORES DE URUGUAIANA, SIGAM O EXEMPLO DE CAMPINAS E NÃO PERMITAM QUE OS CÃES BEM TRATADOS NAS PRAÇAS E ARREDORES DA CIDADE SEJAM RETIRADOS PELA PREFEITURA E DEIXADOS EM QUALQUER LUGAR SEM AS DEVIDAS CONDIÇÕES.



Taxistas fazem abaixo-assinado para que cão permaneça.
Cachorro mora há 9 anos no bairro e prefeitura ameaçou tirá-lo.

Patrícia Araújo Do G1, em Campinas

Ampliar Foto Foto: Patrícia Araújo/G1 Foto: Patrícia Araújo/G1

Bob brinca em ponto de taxi em Campinas (Foto: Patrícia Araújo/G1)

A praça no bairro do Cambuí, em Campinas, a 93 km de São Paulo, estava cheia no início da tarde desta quinta-feira (5). “É ele?”, perguntava uma mulher. “Mas que maldade. Querer tirar o bichinho daqui”, protestava outra. “Ô gente sem coração”, dizia uma terceira. Uma quarta mulher parou o carro em frente ao local e perguntou: “ele ainda está aí? Acabei de ver na internet. Ele tem que ficar”, afirmava. “O Bob virou estrela”, resumiu um dos 19 taxistas do Ponto de Táxi Santa Cruz ao ver e ouvir toda a movimentação, inclusive de jornalistas e fotógrafos, ao redor do cachorrinho vira-lata que há nove anos mora na praça de mesmo nome.

saiba mais


Bob, como foi batizado, virou o assunto da cidade depois que a prefeitura informou aos taxistas que o animal teria que deixar o local. Na segunda-feira (5), a Secretaria Municipal de Saúde aplicou um auto de infração contra os taxistas por manterem o cachorro solto na praça “causando risco de agressão aos frequentadores do local”, segundo denúncias.

No mesmo documento, a secretaria dava 72 horas para que o cachorro fosse tirado da praça, prazo esse que terminava às 14h desta quinta. Mas, no horário limite, a secretaria informou que não ia mais retirá-lo porque a ONG União Protetora dos Animais (UPA) havia entrado na prefeitura com um pedido de adoção em nome dos taxistas. Enquanto não sair a resposta, dando ou não a guarda do bicho, ele deve permanecer na praça.

Sem agressão

“Como ele já está aqui há nove anos, tomou posse do pedaço. O lar dele é aqui. Ele chegou com 6 meses de idade", conta o taxista Antonio José dos Reis, que há 16 anos trabalha no ponto. "Às vezes ele está aqui sentado quietinho, alguém vê e vem pegar nele. Ele se assusta, late. Mas ele nunca mordeu ninguém que eu tenha visto”, disse o taxista.

Ampliar Foto Foto: Patrícia Araújo/G1 Foto: Patrícia Araújo/G1

O taxista Antonio José dos Reis brinca com o cachorro Bob ao lado da designer de interiores Maria Aparecida de Toledo. (Foto: Patrícia Araújo/G1)

Colega de Antonio e há 30 anos trabalhando no Ponto Santa Cruz, o taxista Cassiano Arruda endossava a afirmação do amigo. “O Bob veio parar aqui há muito tempo. Ele chegou acompanhando um carrinho de reciclagem. Era um filhote ainda. Chegou com as patas todas feridas e nós cuidamos dele", disse. "Ele foi ficando. As pessoas passavam, viam e traziam comida. Hoje ele tem um fã-clube de cerca de cem pessoas que vêm aqui na praça só por causa dele. Trazem cobertor, biscoitinho, levam para o pet shop. Todo mundo ama ele”, contou.
Para demonstrar que desejam a permanência do animal na praça, os taxistas fizeram até um abaixo-assinado. Por volta das 14h30, mais de 80 assinaturas de moradores da região foram coletadas. Uma delas era da designer de interiores Maria Aparecida Toledo, que mora a uma quadra da praça, trabalha em frente ao local, onde faz corre todos os dias. “A presença do Bob aqui anima as pessoas. Nesses dois últimos dias ele estava meio sumido. Acho que por causa dos rumores da saída dele. A gente sentiu falta. Mas hoje ele está aqui de volta, correndo e pegando a bolinha. Ele é o mascote dessa praça.”

Mordidas

Mas como todo pop star nunca é unanimidade, com Bob não é diferente. No meio de tantas pessoas bajulando o bichinho nesta tarde, um homem foi ao local para protestar. “Já levei mordida dele. Esse cachorro não gosta de gente negra nem de morador de rua. Já fiz curativo na mão de várias pessoas que foram mordidas por ele”, afirmava o homem que se identificou como comerciante da região, mas não quis dizer o nome. “Já me disseram que se eu viessa falar mal dele (Bob), ia sofrer represália”, comentou.

Identificação e castração

De acordo com a UPA, que entrou com o pedido de adoção, Bob deve ser castrado na segunda-feira (9) e receber um tipo de RG. “Está marcado para as 8h30 da segunda (a castração). Ele vai fazer a operação e volta para a praça no mesmo dia”, disse o presidente da UPA, o vereador Vicente Carvalho da Silva (PV).

Além da operação, o cachorro será cadastrado no banco de dados da ONG. “Serão impressas duas letras de identificação na barriga dele e ele vai receber uma coleira com nome e telefone em uma placa. Nos nossos arquivos teremos uma foto digitalizada e todos os dados deles e do proprietário, no caso, os taxistas. Agora, ele vai ficar monitorado.”
Para os taxistas da Santa Cruz, uma resposta definitiva sobre a permanência de Bob no local é urgente não só pelo amor que têm ao cãozinho, mas por uma questão econômica. No ponto de táxi, de cada cinco telefonemas atendidos, cinco eram para saber do destino do animal. “Eles só querem saber do Bob, que pedido de corrida que nada”, dizia o taxista Arruda após desligar mais um telefonema nesta tarde.

Segundo a assessoria da Secretaria Municipal de Saúde, ainda não ficou definido se, após a adoção e a castração, o cão poderá ficar com os taxistas na praça. O órgão afirmou que enviaria uma nota oficial sobre o assunto até o final desta quinta, mas para definir sobre a permanência do animal na praça.

Foto: Agência Anhanguera

Bob deveria ser retirado do ponto de táxi onde costuma ficar porque moradores reclamam que ele oferece risco à comunidade (Foto: Edu Fortes/ AAN)